Thursday, November 8, 2012

O Pagador de Promessas


“Como Zé-do-Burro, cada um de nós tem suas promessas a pagar. A Deus ou ao Demônio, a uma Ideia. Em uma palavra, à nossa própria necessidade de entrega, de afirmação” (Dias Gomes, nota do autor em O Pagador de Promessas, 15).

Zé-do-Burro recebe várias oportunidades de renegar e deixar de cumprir a sua promessa. Mas ele insiste em fazer tudo certinho—como foi prometido para Santa Bárbara. Eu gosto da personagem de Zé-do-Burro, mas ao mesmo tempo fico confusa ao ver a obstinação dele. Ele é muito teimoso. Talvez por essa razão tenha mais em comúm com o seu burro do que a amizade. O leitor não entende completamente o significado do burro para este homem humilde e dedicado, mas sabemos que a promessa feita tem grande significado para ele.

De modo similar, Dias Gomes está nos dizendo que cada um de nós tem nossas promessas a pagar. Para cada pessoa é diferente. Mas será que estamos dispostos a dar tudo para cumprir essas promessas? Reparei que as pessoas que eu gosto mais na obra são as pessoas que cumprem as suas promessas, sejam quais foram os obstáculos. Eu gosto da lealdade inicial de Rosa, acompanhando o seu marido na jornada. No caminho, no entanto, ela deixa de pagar as suas promessas e inflige muita dor em várias pessoas. Bonitão é exemplo de um homem que não paga promessa nenhuma—nem para a mulher que o ama (Marli), nem para Zé-do-Burro.

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