“Como Zé-do-Burro, cada
um de nós tem suas promessas a pagar. A Deus ou ao Demônio, a uma Ideia. Em uma
palavra, à nossa própria necessidade de entrega, de afirmação” (Dias Gomes,
nota do autor em O Pagador de Promessas, 15).
Zé-do-Burro recebe várias
oportunidades de renegar e deixar de cumprir a sua promessa. Mas ele insiste em
fazer tudo certinho—como foi prometido para Santa Bárbara. Eu gosto da
personagem de Zé-do-Burro, mas ao mesmo tempo fico confusa ao ver a obstinação
dele. Ele é muito teimoso. Talvez por essa razão tenha mais em comúm com o seu
burro do que a amizade. O leitor não entende completamente o significado do
burro para este homem humilde e dedicado, mas sabemos que a promessa feita tem
grande significado para ele.
De modo similar, Dias
Gomes está nos dizendo que cada um de nós tem nossas promessas a pagar. Para
cada pessoa é diferente. Mas será que estamos dispostos a dar tudo para cumprir
essas promessas? Reparei que as pessoas que eu gosto mais na obra são as
pessoas que cumprem as suas promessas, sejam quais foram os obstáculos. Eu
gosto da lealdade inicial de Rosa, acompanhando o seu marido na jornada. No
caminho, no entanto, ela deixa de pagar as suas promessas e inflige muita dor
em várias pessoas. Bonitão é exemplo de um homem que não paga promessa nenhuma—nem
para a mulher que o ama (Marli), nem para Zé-do-Burro.
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